Editorial
Gateação
"Se gatear" é uma das mais clássicas expressões do vocabulário gauchesco. Serve para definir uma briga em que os dois lados gritam alto e dão uma ou outra unhada. Tal qual vem acontecendo entre Executivo e Legislativo de Pelotas nos últimos dias. A confusão, repleta de conversas de bastidores, notas e moções de repúdio vem sendo acompanhada há mais de uma semana pela reportagem do Diário Popular, com o setorista de Política, Douglas Dutra, trazendo os relatos do que acontece.
Para o leitor que está por fora da situação, um resumo breve: o vereador Cauê Fuhro Souto (UB), na semana passada, garantiu ter provas de irregularidades (18, diz ele) na Secretaria de Assistência Social (SAS). No dia seguinte, o titular da pasta, Tiago Bündchen, foi à Câmara sem se identificar. Os desdobramentos políticos, daí em diante, são uma troca constante de acusações, de tiradas de corpo e reclamações.
O Legislativo tem razão em se preservar e querer um pedido de desculpas, no mínimo, após uma figura do Executivo adentrar a Casa para questionar um vereador. Não pode haver esse tipo de interferência. Para isso há figuras específicas. Por outro lado, o Executivo diz, também com razão, que das 18 supostas acusações envolvendo a pasta, apenas uma veio a público. E as outras 17? Além disso, a situação exposta já teria sido resolvida, com o afastamento do funcionário e com o Ministério Público investigando as supostas irregularidades financeiras.
Postas todas as situações, o que sobra, além disso, são especulações. Sabe-se que questões político-partidárias entram na mistura da confusão, ainda mais faltando, agora, menos de um ano para as eleições.
Ontem (e você confere mais na página 11) houve mais uma moção de repúdio do Legislativo ao Executivo. Haverá hoje uma resposta e amanhã outra e assim sucessivamente? Até quando vai essa trocação? E o epicentro do conflito, que são as outras 17 denúncias, virão a público quando?
Até lá, assuntos de relevância para a população seguem sendo deixados de lado pelos dois poderes que governam a cidade. Uma pena. Em final de ano, com lei orçamentária para votar, impactos das chuvas para resolver e educação em estado periclitante para lidar, Pelotas não pode se dar ao luxo de ficar aguardando o fim de uma troca de farpas por semanas.
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